TEXTO DEPUTADA JACK ROCHA
Venho, de coração aberto, para conversar nestas poucas horas antes das eleições internas do PT, que acontecem no próximo domingo, em 6 de julho. Como vocês sabem, venho da periferia, nasci e cresci em solo capixaba, e pude participar ativamente da vida política desde 2004 como filiada ao PT. No ano seguinte, passei a fazer parte do diretório municipal. Em 2013, foi a vez de subir mais um degrau nessa escalada política, ao entrar para o diretório nacional da sigla. Depois de anos de preparação, disputei a primeira eleição em 2018, como candidata a governadora.
Em 2022, fui eleita a 1ª deputada federal negra do Espírito Santo. Sabe o que não deixou a pequena Jack Rocha, ainda adolescente, filha de uma doméstica e de um caminhoneiro, desistir? O desejo por justiça social, a luta sindical do dia a dia, a vontade de ver a juventude protagonista do debate público.
Essas inquietações são minhas, daqueles que caminham ao meu lado e, tenho certeza, também são suas. O PT nasceu do povo para promover mudanças na vida dos trabalhadores, militantes, intelectuais e artistas, que carregavam e ainda carregam marcas dos anos cruéis da ditadura. Após muita luta, o nosso líder maior, Luiz Inácio Lula da Silva, retornou à Presidência da República para transformar o Brasil. Ele confiou a mim, cria dos movimentos sociais, a nobre missão de comandar o Partido dos Trabalhadores no Espírito Santo em busca dos princípios do petismo.
A renovação geracional dentro do PT é importante para a revitalização do partido, trazendo novas esperanças e abordagens para os desafios contemporâneos. Essa renovação envolve a participação de jovens, mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+, refletindo a diversidade da sociedade brasileira e fortalecendo a luta por direitos e igualdade. Também é sinônimo de superação de obstáculos históricos e adaptação às novas demandas sociais. Não se trata apenas de uma questão de mudança de rostos, mas de uma transformação profunda, que envolve a atualização de ideias, a incorporação de novas perspectivas e a busca por soluções para os problemas do século XXI.
Durante a nossa gestão, trouxemos um senador da República para o PT. Tivemos 160 candidaturas femininas disputando eleições de verdade. Arrumamos a casa com a quitação de aluguéis, fornecedores e salários de funcionários. A essência do PT é o trabalho coletivo e, por isso, levamos a sigla ao segundo turno das eleições de Vitória em 2020. De acordo com o TSE, o número de filiados subiu de 24 mil, em 2020, para mais de 40 mil. Não foi fácil. Mas é justamente essa condução que me fez ganhar a confiança de Lula, que viu os resultados, e hoje deposita em mim a esperança de que esse trabalho continue firme, sobretudo diante os desafios que temos pela frente.
Tudo isso é fruto do nosso modelo de comunicação, de formação e de organização para o sucesso do PT nestas eleições internas, mas sobretudo com um projeto que vai se expandir pelos próximos dez anos.
Um exemplo disso é o nosso programa “Interior Conectado: fortalecer a base, democratizar o futuro”, proposta com uma série de ações para potencializar a nossa base além da Grande Vitória; e conectar nossa militância às atualizações urgentes da política brasileira e mundial. É um projeto feito com e para a base, através de formação política presencial e online com aulas e palestras em polos estratégicos; trabalho especializado em redes sociais, assessoria de imprensa, inteligência artificial; mobilização online e offline e tráfego pago. Esse é um jeito de garantir, como meta partidária, que os diretórios do interior sejam ainda mais competitivos nas eleições.
Reconheço a importância socioeconômica da Grande Vitória para o contexto político estadual, no entanto, depois de organizar diretórios em 65 municípios do ES (antes eram só três), levaremos também para todas as 78 cidades do Espírito Santo. Vamos investir em aulas com especialistas para debater política e comunicação com a juventude, destacando o legado deixado por petistas que marcaram essas quase cinco décadas de existência do partido. Com os pés bem firmes no chão, o coração na escuta do povo e os olhos no amanhã, sigo confiante de que podemos ir além.
Sei que a descrença com a política é um fenômeno real, mas garanto que a nossa campanha é baseada em resultados e propostas. Não abro mão do plano de democratizar recursos, fortalecendo a legenda em locais menos favorecidos; inserir a base e os movimentos sociais como protagonistas do debate público; avançar na luta pelos direitos das mulheres; combater e vencer o racismo no Brasil, além de derrotar a extrema-direita. Como relatora da Lei de Igualdade Salarial, sancionada em 2023, além de responsável pela Secretaria da Mulher na Câmara Federal, estou 100% comprometida com a luta feminista e antirracista.
Paulo Freire, um dos mais influentes pensadores na história do PT, trata em seus livros sobre a importância de se reconhecer no outro, desde a construção do conhecimento e até a luta por um mundo mais justo, sobretudo a gratidão que emerge como um sentimento inerente ao processo educativo freireano. Inspirada por Freire, devo agradecer aos inúmeros apoios que recebi durante a campanha, de figuras políticas e lideranças petistas ao redor de todo o País. Ao presidente Lula, ao ministro da Saúde Alexandre Padilha e à ministra de Relações Institucionais do governo Lula, Gleisi Hoffmann, meu muito obrigado pelas manifestações públicas de apoio.
A lista é extensa: de parlamentares a ex-ministros, além de secretários nacionais e alianças do governo Lula no Congresso, nomes como Patrus Ananias, André Ceciliano, José Guimarães, Cida Gonçalves, Benedita da Silva, Ana Paula Lima, Anne Moura, Denise Pessôa e Erika Kokay estiveram ao meu lado por um PT cada vez mais identificado com suas raízes capixabas. Estou lisonjeada por receber tantos apoios nacionais, mas, sobretudo de contar com tantos nomes da nossa militância, de uma chapa composta por mais de 400 petistas guerreiros e apaixonados.
Encerro este texto com um recado final. Nesta eleição, o Espírito Santo tem um risco e uma oportunidade. A verdade pode, sim, vencer a mentira. A esperança pode, sim, vencer o medo. O PT do amanhã já é realidade. (JR)
