BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Insultos e bate-boca em sessão da Câmara Federal com a ministra Marina Silva. O depoimento dela à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural foi marcado pelos ataques dos bolsonaristas contra a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Convidada a falar sobre as queimadas que assolaram o país entre agosto e setembro, ela foi chamada de “ignorante”, “capacho”, “incompetente” e “adestrada” por parlamentares da oposição.
A ministra, porém, rebateu os ataques e chegou a se alterar com o presidente da comissão, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), que ao encerrar a sessão decidiu alfinetar a ministra.
“Quero repudiar a forma de vitimização que, mais uma vez, essa ministra se comporta aqui, na casa do povo, na casa dos deputados. Tenho que dar parabéns a quem a treinou, até esse adestramento para ter essa postura”, disse.
Antes dos ataques, Evair havia prometido dar a ministra o direito de defesa. Mas após atacá-la encerrou a sessão sem cumprir o que havia prometido.
Marina o interrompeu: “Adestramento é o que? Adestramento? Quem é o adestrado? Tenha a santa paciência. O senhor não vai me dizer que sou uma pessoa adestrada”, cobrou.
Antes, Marina tinha entrado em confronto com a deputada Julia Zanatta (PL-SC). Ao dirigir à ministra uma pergunta, a parlamentar aproveitou para chamá-la de “capacho de ONG”.
“Capacho? Capacho é quem faz discurso de encomenda. Mesmo conhecendo a biografia de uma pessoa, faz discurso de encomenda, para fazer lacração. E vem aqui fazer acusações inverídicas. Isso é ser capacho. Quem não defende (o meio ambiente) aparece agora como ambientalista de conveniência. Nunca fizeram nada”, rebateu Marina.
Mas a sessão não foi todo o tempo bate-boca entre a ministra e os bolsonaristas. Ela acusou o Congresso de promover cortes no orçamento dos recursos destinados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
(Com Estadão)