BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – A restauração do rádio Hotel que já começou em Guarapari está em ritmo acelerado. Telhados já estão sendo retirados e máquinas pesadas estão trabalhando na área externa.
Com exclusividade a reportagem da Agência Congresso visitou hoje, um dos marcos históricos e arquitetônicos que está passando por um aguardado processo de restauração e reabilitação.
Após décadas de abandono, esse importante patrimônio capixaba está sendo revitalizado com um investimento superior a R$ 24 milhões. A previsão é que as obras sejam concluídas em até 360 dias.
A empresa responsável pela obra é a mesma que realizou a restauração do Palácio Anchieta, com expertise comprovada em restauração de patrimônios históricos.
A obra de restauração do Radium Hotel é vista como um marco importante para a cidade, pois além de resgatar um patrimônio histórico, visa impulsionar o turismo e gerar oportunidades de qualificação profissional na região.
O Radium Hotel foi inaugurado em 1953, mas sua história começa antes, com o projeto original de ser uma Escola Naval. No entanto, sua localização privilegiada e a fama das areias radioativas de Guarapari, conhecidas por suas propriedades terapêuticas, levaram à sua adaptação para funcionar como um hotel-cassino de padrão internacional.
Na época de sua glória, o Radium Hotel era um dos mais luxuosos e grandiosos da Região Sudeste, rivalizando com estabelecimentos como o Grande Hotel de Araxá (MG) e o Quitandinha (RJ). Atraía a elite política e social do país e até mesmo turistas internacionais, que vinham para jogar em seu famoso cassino.
O craque Garricha e sua Elza Soares, cantora renomada, O cirurgião Ivo Pitanguy ficou encantado com a praia da Areia Preta e Vinicius de Moraes também foi hóspede do Radium, entre outros astros e estrelas.
O hotel contava com 37 apartamentos, 26 quartos, duas suítes especiais para autoridades, dois salões (um de jogos e outro de lazer), e louças de porcelana importada, baixelas de prata e roupas de cama de linho. Aviões fretados chegavam a trazer jogadores de São Paulo e Rio de Janeiro.
A fase áurea do Radium Hotel durou até 1964, quando a proibição dos jogos de azar no Brasil, decretada pelo governo de Eurico Gaspar Dutra, impactou fortemente o negócio.
Apesar das dificuldades, o hotel manteve suas atividades até 1992, quando foi lacrado pelo Corpo de Bombeiros devido à deterioração física da estrutura, que oferecia riscos aos hóspedes. Em 1998, o Conselho Estadual de Cultura tombou o hotel, reconhecendo sua importância como bem cultural de natureza arquitetônica para o Espírito Santo.
A gestão dos recursos e a execução da obra de restauração do Radium Hotel são de responsabilidade da Prefeitura de Guarapari, com a fiscalização do Governo do Estado do Espírito Santo. Importante destacar que o projeto de revitalização conta com a parceria do Sistema Fecomércio-ES, Senac e Senai, que atuarão na administração do espaço após a conclusão das obras, por meio de um Termo de Cooperação Técnica.
O Radium Hotel é um símbolo de uma época marcante para o turismo no estado, especialmente em Guarapari. Sua revitalização é o resgate de uma memória afetiva e cultural, preservando um patrimônio histórico que conta parte da história do desenvolvimento turístico da região.
Ao se tornar um centro de formação e inovação, o novo Radium Hotel contribuirá diretamente para o desenvolvimento econômico e social da região. Ele irá gerar novas oportunidades de emprego, apoiar empreendedores locais e impulsionar o turismo, um dos pilares da economia de Guarapari.
O edifício revitalizado, com sua nova vocação, tem o potencial de se tornar uma atração turística por si só, atraindo visitantes interessados em sua história, arquitetura e nas atividades que serão oferecidas. A restauração da Praça Ciríaco Ramalhete de Oliveira, em frente ao hotel, também contribuirá para a valorização do entorno.
Em suma, a restauração do Radium Hotel é mais do que uma obra; é um investimento no futuro do turismo capixaba, combinando a preservação do patrimônio com a inovação e a capacitação profissional.
REPORTAGEM RENATO PAOLIELLO