
BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO- Desigualdade recua 1,08% no DF, enquanto Brasil registra aumento de 0,18% na diferença salarial. Espírito Santo ainda tem uma das maiores disparidades.
O 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Governo Federal, revela que o Distrito Federal apresentou uma redução de 1,08% na diferença salarial entre homens e mulheres desde a última sondagem, realizada em setembro de 2024.
A desigualdade, que era de 11,05%, agora está em 9,97%, uma das menores do país — atrás apenas de Pernambuco (9,14%) e ligeiramente à frente do Acre (9,86%).
No entanto, o Espírito Santo aparece na outra ponta do ranking, com uma das maiores discrepâncias salariais do Brasil: 28,53%, atrás apenas do Paraná (28,54%) e à frente de Santa Catarina (27,96%).
No Distrito Federal, a média salarial das mulheres é de R$ 5.656,33, enquanto os homens recebem R$ 6.282,81.
Apesar do avanço, a desigualdade ainda é uma realidade marcante, especialmente quando o recorte é racial. Mulheres negras recebem, em média, R$ 4.292,33, ao passo que mulheres não negras ganham R$ 7.523,23 — uma diferença de 42,9%.
Brasil: cenário ainda preocupante
Em âmbito nacional, a diferença salarial entre os gêneros aumentou 0,18%, chegando a 20,87%. O relatório destaca que mulheres negras são o grupo mais afetado: recebem, em média, R$ 2.864,39, enquanto mulheres não negras têm rendimentos de R$ 4.661,06 — uma disparidade de 38%.
Infográfico 1 | Números gerais do 3º Relatório de Transparência Salarial, destacados por grupos demográficos – Fonte: MTE
Participação crescente das mulheres negras
Um dos dados positivos do relatório é o aumento de 18,2% na participação das mulheres negras no mercado de trabalho, passando de 3,2 milhões para 3,8 milhões.
Também houve redução no número de estabelecimentos com até 10% de mulheres negras, caindo de 21.680 em 2023 para 20.452 em 2024.
Além disso, aumentou a quantidade de empresas com diferença salarial de até 5% entre homens e mulheres, indicando um movimento em direção à equidade.
Estabilidade relativa e desafios
A participação feminina na massa total de rendimentos do trabalho variou pouco nos últimos anos, passando de 35,7% em 2015 para 37,4% em 2024. Segundo Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), isso se deve aos salários mais baixos das mulheres, apesar do crescimento da presença feminina no mercado: são 44,8 milhões de mulheres ocupadas atualmente, frente a 38,8 milhões em 2015.
Diferença por ocupação
O relatório também mostra que, mesmo entre cargos mais qualificados, a desigualdade persiste. Mulheres diretoras e gerentes recebem, em média, 73,2% do salário de homens. Em ocupações de nível superior, esse percentual cai para 68,5%. Já entre trabalhadoras administrativas, a média é de 79,8%.
Lei da Igualdade Salarial
Esses dados são fruto da aplicação da Lei nº 14.611/2023, que exige que empresas com mais de 100 empregados promovam a igualdade salarial entre homens e mulheres. A legislação estabelece medidas como transparência, fiscalização, canais de denúncia e programas de inclusão.
Plano Nacional em vigor
Em 8 de abril de 2025, o Governo Federal publicou a Portaria Conjunta que cria o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, válido até 2027. A iniciativa é coordenada por 11 ministérios e visa ampliar o acesso das mulheres ao mercado, estimular sua permanência, garantir ascensão a cargos de liderança e combater discriminações no ambiente de trabalho.
Infográfico 2 | Ranking das unidades da Federação com menor diferença salarial entre mulheres e homens – Fonte: MTE
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República