Akram Mahyoub é um obscuro e humilde funcionário de um posto de gasolina da Arábia Saudita. Certo dia, lavando um carro, descobriu nele um pacote contendo US$ 37 mil.
Pacientemente, aguardou o retorno do proprietário do veículo para entregar-lhe o dinheiro. Este episódio foi noticiado mundialmente.
No México o policial Sergio Ángel Soriano Buendía fazia sua ronda no estacionamento de um centro comercial quando encontrou uma bolsa com US$ 2,4 mil.
Entregou-a no setor de achados e perdidos. Seu gesto foi celebrado pela imprensa mundial afora.
Por falar em achados e perdidos, os cidadãos de Tóquio, no Japão, encaminharam à polícia, ao longo de 2014, o equivalente a US$ 36 milhões em valores perdidos que encontraram em lugares públicos.
Este comportamento teve ampla repercussão na imprensa mundial.
Há também o caso do taxista alemão Thomas Güntner, que descobriu em seu veículo uma maleta esquecida por um cliente idoso contendo € 250 mil.
Diligentemente, retornou à residência deste e devolveu a maleta, sendo homenageado mundialmente por sua honestidade.
Wilder Armas, um outro taxista – este do Peru – achou US$ 5 mil esquecidos por um turista.
Procurou-o no hotel e devolveu todo o valor, declarando sempre ter agido assim. Foi celebrado como personalidade nacional.
Não nos esqueçamos do mendigo brasileiro Jesus Silva Santos, que encontrou R$ 20 mil em uma lata de lixo, valor que entregou prontamente à guarda das autoridades policiais.
Entrevistado, por conta da repercussão de seu gesto, declarou ter aprendido com sua mãe a nunca roubar nada de ninguém.
Nos EUA um outro mendigo, de nome Billy Ray Harris, encontrou um anel de platina e diamante que caíra acidentalmente em um copo descartável de café que lhe fora ofertado.
Retornou ao restaurante e devolveu o objeto, sob os aplausos de todo o país.
Aqui mesmo, em Vitória, o gari Aristóteles Coutinho Oliveira achou uma bolsa com R$ 400 mil em cheques, tendo imediatamente procurado as autoridades para entregá-la.
Sua atitude justificou reportagens de página inteira nos jornais.
Diante destas notícias, e de tantas outras, fiquei a meditar: que humanidade é essa na qual o digno de registro e divulgação é a honestidade?
Pense bem: não deveria ser o contrário? Será que descemos tanto enquanto civilização? Que vergonha!
Pedro Valls Feu Rosa é jornalista, escritor e desembargador no Espírito Santo; colabora regularmente com a AGÊNCIA CONGRESSO.