Eleito deputado estadual em 1982 pelo MDB, Paulo Hartung nunca perdeu uma eleição. Também nunca entrou em bola dividida.
Fez o que quis na política capixaba manipulando aliados e perseguindo adversários. Controlava a imprensa e os institutos de pesquisas locais.
Assim se perpetuou no poder. Hoje não tem mais essas ferramentas. Mas dia 26 de maio o capixaba de Alegre se filiará ao PSD de Gilberto Kassab, secretário do governador Tarcísio de Freitas, provável sucessor de Bolsonaro na disputa presidencial de 2026.
Hartung não dá nó em pingo d’agua. Os planos dele não passam pela política capixaba. Está de olho em algum ministério do futuro governo como quadro do PSD – ou ser indicado candidato a vice presidente numa chapa apoiada por Kassab.
Suspense
Não esperem qualquer definição dia 26 sobre seu futuro político. Nem ele sabe. Vai apenas se filiar sem qualquer anúncio de candidatura.
Como adora deixar o mercado político refém de seus movimentos, não vai descartar a possibilidade de se candidato pelo ES. Mas o projeto dele é nacional.
Não existe nenhum ato de filiação previsto para acontecer no ES. Só na sede do PSD em São Paulo.
O tempo do ex-governador na política capixaba passou. Seus aliados estão todos sem mandatos – seus inimigos estão no poder – com exceção do prefeito de Colatina – presidente do PSD no ES.

Prefeitos e lideranças políticas de peso assumiram compromissos com outros atores da política capixaba. Nestes seis anos em que esteve ausente da vida política partidária no ES a fila andou.
Hartung que começou sua militância política na esquerda – foi o primeiro presidente eleito do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufes em 1978 pelo PC do B – deve se aposentar servindo a um partido de centro direita. E pior; ao bolsonarismo.
Para sua biografia seria melhor ele permanecer no Ibá plantando árvores.
Marcos Rosetti
