BRASÍLIA – AGENCIA CONGRESSO – Por que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) queria espionar apenas Alexandre de Moraes, ministro do STF, Luís Roberto Barroso, presidente do STF, os deputados Kim Kataguiri (União-SP), Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (PT-AP)?
A resposta está no relatório final da PF sobre a investigação que apura o monitoramento ilegal de autoridades pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).Os monitorados atendiam a interesses diversos. De pelo menos cinco integrantes do governo.
Por isso o uso de ferramentas do órgão para espionar uma série de personalidades, como deputados, investigadores e até caminhoneiros.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tirou o sigilo do relatório quarta (18).
A PF indiciou mais de 30 pessoas. Para os investigadores, a Abin foi utilizada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para fins políticos e pessoais.
A lista de indiciados entregue ao STF inclui o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem — ambos do PL — e o do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa.
FIRST MILE
O esquema de monitoramento irregular ficou conhecido como Abin paralela e mirou também jornalistas. Um dos métodos utilizados para a espionagem irregular era o monitoramento por meio de um software israelense chamado “First Mile”.
A tecnologia, da empresa israelense Cognyte (ex-Verint), foi comprada pelo governo Temer secretamente e usava GPS para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.
O relatório da Polícia Federal atribui a Ramagem o ordenamento do uso do programa “First Mile” para monitorar ilegalmente adversários políticos e críticos do governo.
Entre os pedidos diretos de Ramagem, estão o monitoramento e ações que buscavam “caçar os podres” de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara e da então deputada Joice Hasselmann, antiga aliada de Bolsonaro que passou a desafeto do ex-presidente.
De acordo com o inquérito, o pedido de monitoramento dessas autoridades partiu da presidência da República e “comprova o viés político da ação clandestina”.
(Com G1)