BRASÍLIA — AGENCIA CONGRESSO — O PSL não tem nenhuma sustentação. Se tivesse mais independência, as expulsões de parlamentares não estariam acontecendo e também não haveria esse ambiente de intolerância na agremiação.
A afirmação é do economista, Roberto Piscitelli, professor da UnB. De acordo com ele, as brigas protagonizadas pelo partido do presidente Jair Bolsonaro envolvem questões de natureza financeira e de poder.
Só neste ano, o partido trocou de liderança na Câmara quatro vezes. A última líder, Joice Hasselmann (SP) permaneceu no posto por apenas cinco dias. Eduardo Bolsonaro voltou a ser líder após a briga ser judicializada.
Mas as divergências políticas não são exclusivas do PSL. Em vários outros partidos os conflitos foram permanentes durante 2019.
E resultaram em quatro expulsões em apenas um ano de mandato. Os deputados expulsos de suas agremiações neste ano foram Alexandre Frota (PSDB- SP), Bia Kicis (PSL-DF), Átila Lira (PSB-PI) e Marco Feliciano (Podemos- SP).
Outros dois deputados foram à Justiça para se desfiliarem de seus partidos, Felipe Rigoni (PSB-ES) e Lauriete (PL-ES) .
Em ordem cronológica, o primeiro parlamentar a ser expulso foi o Frota, que em agosto deste ano, foi banido em razão do congressista fazer duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro.
A cabeça do ex-ator pornô foi pedida pelo próprio Bolsonaro, considerando que Frota foi eleito de carona na popularidade do ‘mito” e após tomar posse passou a criticar o presidente.
O segundo deputado expulso, pastor Marco Feliciano, caiu em desgraça após o diretório do Podemos em São Paulo constatar aspectos de conduta ética e moral. Feliciano gastou R$ 157 mil em tratamento odontológico reembolsados pela Câmara.
Átila Lira foi o terceiro a ser expulso do PSL após votar a favor da reforma da Previdência. O capixaba Rigoni foi punido pelo PSB com um ano de afastamento da sigla pela mesma razão.
Por último, foi a deputada Bia Kicis (PSL-DF), acusada de infidelidade à legenda e por defender a criação de novo partido, o Aliança. A parlamentar disse para a Agência Congresso que ainda não foi punida sem direito a defesa porque defende Bolsonaro.
“Em primeiro lugar, não fui eleita por esse partido e não devo fidelidade a ele, mas sempre respeitei a legenda”, destaca ela, que entrou na Casa pelo Partido Republicano Progressista (PRP).
A sigla não atingiu a cláusula de barreira, regra que restringe o funcionamento parlamentar caso não alcance um percentual de votos.
Crise no PSL
O embate entre Luciano Bivar (PSL-SE), presidente nacional da sigla, e os apoiadores da nova legenda do presidente Bolsonaro, a Aliança pelo Brasil, está bem longe de acabar.
O racha no partido não é de agora. Se por um lado existe a expulsão e punição de deputados do PSL; por outro a criação da nova legenda do chefe do Executivo está a todo vapor e ao menos 18 deputados devem seguir o presidente da República em sua nova empreitada.
Ao todo, o PSL tem 53 deputados, a segunda maior bancada da Câmara Federal. Confira parlamentares que farão parte do novo partido de Bolsonaro:
Deputados que devem ir para a Aliança pelo Brasil
Nome | Partido |
Bibo Nunes | PSL-RS |
Alê Silva | PSL-MG |
Bia Kicis | PSL-DF |
Carla Zambelli | PSL-SP |
Carlos Jordy | PSL-RJ |
Daniel Silveira | PSL-RJ |
Eduardo Bolsonaro | PSL-SP |
General Girão | PSL-RN |
Filipe Barros | PSL-PR |
Junio Amaral | PSL-MG |
Luiz Philippe de Orleans e Bragança | PSL-SP |
Sanderson | PSL-RS |
Major Vitor Hugo | PSL-GO |
Aline Sleutjes | PSL-PR |
Chris Tonietto | PSL-RJ |
Helio Lopes | PSL-RJ |
Coronel Armando | PSL-SC |
Coronel Chistóstomo | PSL- RO |
Parlamentares punidos em 2019
Além das expulsões, alguns deputados do PSB foram punidos por terem votado a favor da reforma da Previdência e não puderam ocupar cadeiras das comissões que representam:
Parlamentar | Partido |
Ted Conti | PSB-ES |
Felipe Rigoni | PSB-ES |
Felipe Carreras | PSB-PE |
Liziane Bayer | PSB-RS |
Rodrigo Agostinho | PSB-SP |
Rodrigo Coelho | PSB-SC |
Jefferson Campos | PSB-SP |
Rosana Valle | PSB-SP |
Emidinho Madeira | PSB-MG |
Crise continua
Uma liminar expedida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal derrubou a suspensão de deputados do PSL até o julgamento final da ação.
Em tese, parlamentares poderão voltar às suas atividades normais como participar de comissões.

Dois parlamentares solicitaram saída de partidos. Felipe Rigoni (PSB-ES) entrou na justiça após ser punido pelo PSB.
A assessoria do parlamentar informou que o processo de saída do PSB ainda aguarda decisão da justiça.
A deputada Lauriete (PL-ES), também pediu sua desfiliação do partido após afirmar que não está sendo convidada para participar de reuniões do diretório estadual depois de se divorciar de seu ex-marido, Magno Malta, que dirige a sigla no estado.
Reportagem: Gabriela Andrade