Há poucos dias li no Jornal de Notícias, lá de Portugal, o seguinte texto: “O calendário marcava o dia 12 de setembro de 1895 quando no Porto se soltaram espantos e exclamações. Saía para as ruas o primeiro elétrico, veículo sobre carris movido a eletricidade que permitia o transporte de pessoas entre vários pontos da cidade com mais rapidez e eficiência”.
Vejam só: há muito mais de um século os portugueses dispõem de transporte urbano elétrico – os populares ‘bondes’. Não poluem e são silenciosos. Detalhe adicional: prestigiam a indústria nacional.
Faça uma experiência: estude as maiores cidades do planeta. Em praticamente todas o transporte urbano está fortemente baseado em bondes ou no seu análogo metido a tatu, o metrô.
No Brasil trilhamos caminho oposto. Inexplicavelmente optamos por ônibus caríssimos, ruidosos e poluentes. Produzidos, em grande parte, por empresas transnacionais.
Este deplorável quadro repete-se a nível nacional. Desconheço outro país com dimensões continentais que tenha optado por transportar a maior parte de suas mercadorias no lombo de milhares de caminhões!
Seria oportuno que em meio a tantas décadas de tantos ajustes e reformas, planos e metas, cortes e crises, fosse informado ao povo brasileiro quem ganha com isso.
Enquanto isso a gente fica assim. Desse jeito. Com essa cara. Sacolejando por aí a bordo de ônibus lotados. Respirando fumaça. Transformando qualquer viagem de carro em uma perigosa aventura. Perdendo dinheiro.
Brasileiros gostam de contar ‘piada de português’. Fico a pensar se não deveríamos começar a contar ‘piadas de brasileiro’. Afinal eis aí, realmente, e perdoem-me pela digressão, ‘um trem difícil de entender’…